Documento revela ação criminosa e sabotagem em ataques a torres de energia, diz agência

25 de abril de 2024 às 12:53

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Três torres de energia foram derrubadas em um curto espaço de tempo, em Rondônia e no Paraná, entre os dias 8 e 9 de janeiro de 2023, quando Brasília pegava fogo com a invasão e quebradeira geral de uma multidão de golpistas.
 

Reprodução


Foram atacadas 24 instalações
elétricas entre 8 de 30 de janeiro de 2023;
quatro delas desabaram
 
O mais grave vem agora: um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta como causas “ações criminosas” de “sabotagem”, e completa: “não foram registradas condições climáticas adversas que possam ter causado queda das torres”.
 
Reportagem do jornalista Lúcio de Castro, da Agência Sportlight, revela nesta quinta-feira (25) o teor do documento da Aneel, obtido pelo repórter via Lei de Acesso à Informação. Segundo o texto, o documento afirma que as torres foram derrubadas por “sabotadores profissionais”.
 
O país ainda estava atônito com os ataques à Praça dos Três Poderes naquele mesmo dia quando a primeira torre caiu, às 21h30, em Cujubim, Rondônia. Em seguida, à 0h13, caiu a segunda torre, em Medianeira, no estado do Paraná. A terceira torre foi sabotada 27 minutos mais tarde, em Rolim de Moura, novamente em Rondônia.
 
O intervalo entre os três atos criminosos foi de apenas 3h10 minutos, o que mostra uma ação orquestrada por um grupo.
 

Ataques a torres foram documentados pela Aneel
(Reprodução: Sportlight)
 
De acordo com a reportagem, houve ataques a 24 torres entre os dias 8 de 30 de janeiro de 2023, em 14 lugares diferentes espalhados por estados de Rondônia (4 locais), Paraná (4), São Paulo (3), Mato Grosso (1), Piaui (1) e Pará (1). Quatro foram ao chão — as três do primeiro dia de ataques e uma quarta também em Rondônia. O laudo da Aneel define que houve sabotagem em todos os casos. Diz um trecho da reportagem:
 
“Ocorreu a repetição sistemática de um conjunto de ações: todos os parafusos da base das torres foram retirados, ficando a torre sem sustentação, possibilitando a queda”.
 
Além dos parafusos, foram cortados também os cabos de sustentação. Ou seja: houve um modus operandi que se repetiu em cada um dos ataques, revelando a atuação de um grupo organizado e com pessoas treinadas para sabotar as torres.
 

Documento obtido via Lei de Acesso à Informação traz fotos
dos ataques às torres de energia
 
Torres derrubadas: caos poderia transferir poder ao Exército, diz servidor
 
Um servidor em condição de anonimado, envolvido na apuração dos episódios do 8 de janeiro, resumiu assim o caso das torres para a Sportlight:
 
É preciso não perder de vista jamais que o caso das torres derrubadas começa no mesmo dia, quase simultaneamente, exatamente horas depois do início dos eventos golpistas de Brasília, ao anoitecer. O que pode ser entendido como parte de um mesmo plano. Dentro desse plano, Brasília já estaria tomada pelos golpistas no executivo, judiciário e legislativo, e problemas em série com a rede de energia trariam de vez o caos ao país. Restaria a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o poder transferido para o exército. E o governo estaria entregue. Hoje sabemos que esse era o plano”.
 
Ataques a torres de energia não são algo comum. O histórico anual de ocorrências em torres de energia afasta a hipótese do acaso. Para se ter uma ideia, 2019 inteiro fechou com dois registros de vandalismo em torres - menos do que o 8 de janeiro de 2023.
 
Há suspeita, segundo a reportagem, de participação dos chamados kids pretos, como são conhecidas as forças especiais do Exército, que também estão sendo investigados pela possível participação de militares da ativa e da reserva na organização, logística e execução dos atos golpistas de 8 de janeiro.