Portugal sinalizou disposição para reparar os custos decorrentes da escravidão e dos massacres indígenas no Brasil, após séculos de cobrança por parte da população negra. A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comemorou o reconhecimento como um marco significativo no debate global sobre justiça histórica.
ministra Anielle Franco (Foto: Joédson Alves/Ag. Brasil)
Ministra da Igualdade Racial diz que decisão
é fruto de 'séculos de cobrança'
“
Essa é uma luta importante para o Brasil e também mundialmente falando”, destacou a ministra em
entrevista ao g1. "
Essa declaração precisa vir seguida de ações concretas como o próprio presidente parece estar ali se comprometendo a fazer”, completou.
Na noite de ontem, terça-feira (23), o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, assumiu a responsabilidade histórica de Portugal pelos danos causados ao Brasil, incluindo massacres de indígenas, escravidão de milhões de africanos e saques de bens. Esta é a primeira vez que um presidente português confirma essa culpa, marcando uma mudança significativa na postura oficial do país.
“Pedir desculpas é a parte fácil. Temos que pagar os custos da escravidão. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, disse o presidente português.
A ministra Anielle Franco revelou que o Ministério da Igualdade Racial já entrou em contato com o governo português para colaborar no desenvolvimento de medidas de acessórios.
Portugal: histórico de escravidão e colonialismo
Portugal foi o país que mais escravizou africanos na era colonial, chegando a 6 milhões, metade do total estimado por todos os países europeus. Em 2023, Rebelo de Sousa já havia afirmado que o país devia desculpas pela escravidão transatlântica e pelo colonialismo.
No Brasil, o
Ministério de Direitos Humanos (MDH) tem buscado implementar políticas de memória, a exemplo do projeto “
Memória e Verdade sobre a Escravidão e o Tráfico Transatlântico e alguns projetos”.