Entenda o Programa Acredita, que pretende ampliar acesso ao crédito

23 de abril de 2024 às 12:04

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Com o potencial de destravar até R$ 30 bilhões em crédito, o Programa Acredita, lançado no dia de ontem, segunda-feira (22), pretende incentivar investimentos, criar empregos e melhorar o desenvolvimento econômico. Uma das diretrizes prevê ajuda a microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas.
 

© Tânia Rêgo /Agência Brasil

Medidas também preveem ajuda a micro
e pequenas empresas
 
O programa baseia-se em quatro eixos. O primeiro, chamado de Acredita no Primeiro Passo, representa um programa de microcrédito para inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Voltado aos negócios de pequeno porte, o segundo eixo se chama Acredita no Seu Negócio, e terá uma versão do Desenrola, programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas e um programa de crédito para esse público.
 
O terceiro eixo visa a criação de um mercado secundário (mercado de troca de ativos) para o crédito imobiliário. Chamado de Eco Invest Brasil, o quarto eixo pretende criar um programa de proteção cambial para investimentos verdes para atrair investimentos internacionais em projetos sustentáveis no Brasil.
 
A maior parte dos recursos para o programa virá do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Formado com recursos do Tesouro Nacional, o FGO cobriu eventuais calotes de quem aderiu à renegociação da Faixa 2 do Desenrola. Outra parte virá da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), que usará recursos próprios para estimular o crédito imobiliário.
 
O efeito para o Orçamento federal será pequeno e constará de renúncias fiscais, quantia que o governo deixará de arrecadar em tributos. O impacto está previsto em R$ 18 milhões para 2025, R$ 3 milhões em 2026 e nenhum em 2027.
 
Confira as principais medidas do Programa Acredita:
 
Desenrola Pequenos Negócios:
 
      – Versão do Programa Desenrola Brasil destinada à renegociação de dívidas de MEI e de micro e pequenas empresas;
 
      – Inicialmente anunciado para o primeiro trimestre, a iniciativa foi lançada com um mês de atraso;
 
      – Dívidas inadimplentes com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) renegociadas até o fim de 2024 poderá ser contabilizada como crédito presumido dos bancos de 2025 a 2029. Os créditos presumidos são uma espécie de incentivo do governo concedido às instituições financeiras;
 
      – Programa entrará em vigor assim que a medida provisória for publicada, nesta terça-feira (23).
 
Crédito a MEI, micro e pequenos empresários:
 
      • Linha ProCred 360:
 
            – Destinada a MEI e a micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil;
 
            – Juros fixados em Selic (juros básicos da economia), mais 5% ao ano;
 
            – Pagamento de juros no período de carência, antes do pagamento da primeira parcela;
 
            – Início dos empréstimos em 60 dias.
 
      •     Desconto no Peac:
 
            – Redução de 20% do Encargo por Concessão de Garantia (ECG), dentro do Peac;
 
            – Válido para empresas de até médio porte, com faturamento de R$ 300 milhões por ano;
 
            – Limite expandido no valor máximo dos empréstimos, de 50% do faturamento bruto anual, para empresas com Selo Mulher Emprega Mais, que tenham mulheres como sócias majoritárias ou sócias administradoras.
 
Renegociação no Pronampe:
 
      – Empresas inadimplentes com Pronampe podem renegociar dívidas com os bancos, mesmo após a honra das garantias, quando instituições tomam bens dados para cobrir inadimplências.
 
Sebrae:
 
      – Capitalização do Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe) pelo Sebrae, que alcançou R$ 2 bilhões em patrimônio líquido;
 
–     Aumento das linhas de crédito, previsão de conceder até R$ 30 bilhões nos próximos três anos.
 
Crédito imobiliário:
 
      – Criada para gerir ativos podres de bancos que quebraram na década de 1990, a Emgea usará cerca de R$ 10 bilhões dos próprios ativos para securitizar (converter papéis) no mercado de crédito imobiliário;
 
      –     Emgea poderá adquirir créditos imobiliários para incorporar em sua carteira ou vender no mercado, assim como títulos de valores mobiliários;
 
      – Medida pretende fortalecer mercado secundário (troca de papéis) de crédito no setor;
 
      – Tesouro Nacional não fará aporte à Emgea. Toda a operação será feita com recursos próprios da empresa.
 
Fundo Garantidor de Operações:
 
      – R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO) para o Procred 360;
 
      – R$ 3 bilhões do FGO para a renegociação do Pronampe;
 
      – R$ 1 bilhão do FGO para linha Acredita no Primeiro Passo, de microcrédito a inscritos no CadÚnico.
 
Projetos sustentáveis:
 
      – Lançamento do Eco Invest Brasil, Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Central;
 
      – Alavancagem de recursos já disponíveis no país: investimentos em reais poderão ser atrelados ao dólar, garantindo dinheiro em moeda nacional para os investidores em caso de desvalorização do real;
 
      – PTE busca reduzir custo de proteção cambial para projetos com prazo acima de dez anos;
 
      – Linhas de crédito a custo competitivo para financiar parcialmente projetos de investimentos alinhados à transformação ecológica que usem recursos estrangeiros;
 
      – Programa não se propõe a interferir no mercado de câmbio;
 
      – Público alvo: investidores estrangeiros, as empresas de projetos sustentáveis, o mercado financeiro e as entidades governamentais envolvidas em sustentabilidade.
 
Da Agência Brasil