"Cerrado e Sociobiodiversidade: das correntezas das águas a força das mulheres"

27 de março de 2024 às 18:09

meio ambiente/ações ambientais
Chegamos em Sítio Grande, distrito de São Desidério, na noite do último dia 22, sexta-feira, para o II Encontro de Mulheres pelo Cerrado do Oeste da Bahia, acolhidas pelas Quebradeiras de Coco Babaçu. Reunimos diversas  mulheres, de vários povos e comunidades tradicionais do oeste baiano, mulheres indígenas, quilombolas, fecheiras de pasto, ribeirinhas, atingidas por barragens, apanhadoras de sementes, artesãs extrativistas, raizeiras, benzedeiras, agricultoras, quebradeiras de coco babaçu ... reafirmando nossa existência e  modos de vida tradicionais.
 

© Frame/Vídeo/III Encontro Nacional de Mulheres do Cerrado
 
Viemos de todos os cantos do oeste, ecoando nossa voz, nosso canto, nossa ancestralidade, espiritualidade, culturas e modos de vida. Nutridas pela sociobiodiversidade do Cerrado em pé, buscando em nossas águas a força que nos movimenta pela defesa do Cerrado, territórios, água e vida.
 
Durante o encontro partilhamos temas como formação humana, incidência política, mudanças climáticas e o impacto nas mulheres, a sociobiodiversidade do Cerrado, economia solidária, a experiência das quebradeiras de coco babaçu de São Desidério, com a exibição do Filme “BABAÇU QUE QUEBRA LÁ QUEBRA CÁ”. Na noite de sábado realizamos a II Feira das Mulheres do Cerrado, regada de cores, sabores, saberes e cultura. 
 
Ecoamos um grito de socorro, reafirmamos nossa posição contra o avanço do agronegócio sobre nossos territórios, do hidronegócio e da mineração, reafirmamos nossa defesa pelos rios, contra os projetos de barragens, repudiamos as autorizações do Governo do Estado da Bahia para supressão de vegetação nativa nas áreas de recargas de nossos rios, autorização de outorgas, matando as nascentes e provocando o desaparecimento de nossas águas, ferindo nossos modos de vida e nossa relação com nossa casa comum. 
 
Clamamos pela justiça dos povos e comunidades tradicionais  do Cerrado, por territórios livres de grilagem, pela demarcação das terras indígenas, pelas  ações discriminatórias dos territórios de  Fundo e Fechos de Pasto e Geraizeiras.
 
Clamamos pelo fim de todas as formas de violência de gênero e raça, contra os povos e comunidades tradicionais, que há anos vem sendo assolada pelas ações violentas de fazendeiros, pistoleiros e jagunços. 
 
Reafirmamos com a leitura da carta do III Encontro Nacional de Mulheres do Cerrado, realizado em 7 de outubro de 2023, em Montes Claros, que nossas lutas são coletivas,  que nossa voz deve ecoar pelo mundo, que seguiremos sempre juntas! 
 
Nessa luta justa, necessária e urgente, seguiremos unidas, conectando a outras mulheres, formando uma grande corrente de mulheres, que se reconhecem nesta grande articulação de mulheres em defesa do Cerrado em pé!
 
Nossa força vem das águas!
 
Unidas venceremos!
 
Artigo encaminhado pela Amanda S C Silva, do Ecovila Urucuia